domingo, janeiro 07, 2007

surrealidade*: Saber ver a cidade

Dias bastante chuvosos e não tão emocionantes [porém não menos prazerosos] como estes só são capazes de encaminhar meus passos a bibliotecas e locadoras de vídeo [claro, sem contar com o conhecido caminho até a cozinha]. Numa dessas visitas de ensaio para pegar Os Miseráveis, que na verdade é a leitura meta dessas férias, resolvi dar uma passada rápida por um pouco de literatura italiana, que por sinal ainda não conhecia.

Fizeram-se necessários uma almofada confortável, uma garrafa de água e um pouco de silencio para o inicio da viagem. De Diomira a Berenice. Não houve um momento sequer para descanso durante a caminhada de Marco Polo.

Seguramente afirmo que o encantamento por cada lugar deste percurso supererou o transmitido pelos cenários das aventuras de Dom Quixote (que por sua vez, é outro texto fantástico que pretendo reler em breve). A princípio uma reação aparentemente espantosa, pois responsabiliza-se constantes sorrisos de beleza a meras duas páginas, no máximo, de descrição. Até chegar a conclusão de que aí está a magia de tudo, poucas palavras podem levar longe.

Ítalo Calvino, em As Cidades Invisíveis, consegue transmitir o que julgo ser de maior importância na percepção das cidades, o entendimento da alma de cada uma delas. Por meio de imagens surreias, Marco Pólo narra cada aglomeração urbana como algo que possui vida própria e é capaz de fornecer ensinamentos. Trata-se de uma obra muito bem estruturada, apesar deste suposto delírio. São 50 cidades relatadas em nove capítulos, intercalados por diálogos entre Marco Polo e o imperador Kublai Khan. Tudo isso numa linguagem que mais parece poesia disfarçada de prosa.

Para aqueles cuja fronteira do portão da rua não pretende ser ultrapassado por longos períodos, como ocorre por aqui, recomendo esta leitura tanto como obra literária de grande valor, de fácil entendimento e pequena, como um incentivo a imaginação para o olhar sobre nossas cidades reais e cotidianas de outra maneira.




obs.: gostaria de postar imagens do fruto deste meu encantamento, mas isso ocorrerá mais adiante quando minha câmera estiver curada do mal da tecnologia, o tal do recall...

2 comentários:

Carlos disse...

Olhe, olhe, olhe!

Bem-vinda! Com certeza entrarás para os meus favoritos rs

Cidades invisíveis... um dos próximos que lerei, pois quando a Lili diz que é bom, é porque deveras o é!

Muito legal, espero que você nos presenteie sempre com seus pensamentos =)

Beijo!!! =**

Anônimo disse...

aia ia ai aiai a..
li tbm essa belezinha! lindo não?
e olha q eu não esperava muito de um livro com um capítulo por página, praticamente!