domingo, janeiro 21, 2007

realidade*: Tudo não passou de uma inocente ida ao litoral





"SP GANHARÁ ANTIGO 'FURA-FILA' DE PRESENTE DE ANIVERSÁRIO"
fonte: G1 (08/01/2007)



Por mais equivocados que esses parágrafos possam parecer, não me cabe descrever de outra maneira as quatro horas (ida e volta) de um percurso tão heterogêneo e passível de inúmeros questionamentos.

Em ruas bem conhecidas, embora não tão confortáveis de se atravessar justamente por não serem assim tão atravessadas, ainda resta algum verde, alguns passeios convidativos para os fins de tarde e o céu. É certo que alguns montes de tijolos mortos que chegam a alcançar pelo menos uns quarenta metros de altura, bem no centro da cidade, começam a se espalhar de forma gradativa e tão logo assustadora. Mas falemos do tempo presente, nele ainda ocorre a respiração livre de cada ser vivo. Volto a dizer, temos o céu dividindo com força o espaço com os outros elementos da paisagem enquadrada pela janela.

Segue-se em frente com destino à ponta do continente em busca de uma visão ainda menos fragmentada e saturada. Eu só não lembrava que se pagava por isso com uma confusão extrema de cores e formas que parecem querer engolir a mísera existência de cada um.

Esforçando ainda mais algumas lembranças não tão remotas assim: aquelas cores e formas não estavam ali.

O contraditório sentimento de clausura em plena rua oferece, por um momento (não tão breve que se deixe perder pela memória e nem tão demorado que se faça perder os sentidos), a nítida sensação de que aquele é o último estágio da tentativa antes da explosão. Aquela grande minhoca amarela avança por cima de nossas cabeças atravessando a cidade como algo que pede atenção exclusiva para si, carregando a responsabilidade funcional de resgatar um famigerado projeto engolidor de verba pública e pretensioso por resolver um dos mais sérios problemas urbanos.

Ao passar a falta de ar, ainda ocorrem mais à frente os momentos de tatu. Alguns minutos de escuridão e finalmente o céu abre-se de vez para confortar os olhos confusos com o horizonte mais simples e belo que se pode ver. Lá, cada entardecer quer ser único para a simplicidade não virar tédio.

Depois de alguns dias deixa-se para trás o lugar em que só a TV e as páginas dos jornais fazem escapar um mundo paralelo que se dissolve aos poucos. Saindo da ainda equilibrada coexistência entre concreto e natureza, passa-se pela vida de tatu e mais uma vez, após alguns minutos, pelo sentimento de clausura causada pela mais nova grande construção viária, até chegar ao lugar onde ainda resta céu para ser visto.

Pensar que a graça da metrópole está na diversidade pode ajudar a engolir algumas agressividades visuais...pelo menos não dá indigestão...eu acho...








link* : Introdução à Ciência Política [tudo que você queria saber mas tem vergonha de perguntar]
vídeo* :
"Metáfora Urbana" de Bruno Campanella [discorre sobre o que os túneis representam para a cidade]

2 comentários:

Carlos disse...

E não é que tudo isso torna-se um mundo paralelo, esmiuçando-se à gotas?

Até que ponto a diversidade da metrópole nos confunde e nos encanta?

Gostei!

=**

Anônimo disse...

Olha.. Blog da Liliiiiii
Todo sóbrio e cult =p Ao contrário do meu.. q é firulado e sem uma palavrinha de conteúdo =p
Vc me fez, aliás, lembrar q eu tenho um blog ainda =O