segunda-feira, fevereiro 05, 2007

realidade*: Educação? O grande objetivo era alcançar a meta.

A violência em algumas regiões do Estado de São Paulo atendidas pelo programa “Escola da Família" diminuiu quase 60%. Que maravilha! Que medida político-social inacreditavelmente eficaz! Mas agora chega!

Neste sábado (03-02), surpreendi-me com um artigo em um noticiário de tv dizendo do corte de mais 50% de escolas estaduais inseridas nas atividades do “Escola da Família”. Depois de três anos de existência de atividades extra-curriculares gratuitas oferecidas a comunidades carentes, as circunstâncias fizeram muitas crianças e jovens voltarem para suas casas ao encontrarem suas escolas fechadas.

Para completar o absurdo, já iniciado com o anúncio da redução pela metade da verba destinada a tal fim pelo governador José Serra, o Governo mudou de desculpa alegando que sua parte na história estava praticamente concluída, visto que a violência nos locais em que o programa era executado havia diminuído cerca de 60%, e, portanto, as comunidades já haviam absorvido o ideal do ato de ‘generosidade’ governamental. Outro argumento cabe ao direito que os diretores dessas escolas possuem de abrir as portas de seus colégios aos fins de semana, mesmo sem a vigência do programa.

Agora vamos aos fatos, digamos que esses diretores resolvam abrir suas portas para continuar a oferecer os cursos que já estavam em andamento:
- Deve haver uma reorganização de equipes de voluntários para a continuidade dos cursos, já que os que estavam trabalhando nas escolas que foram excluídas do direito serão remanejados [pois a maioria depende de bolsas do governo para concluir seus estudos] para as instituições ainda privilegiadas;
- Deve-se prosseguir com a manutenção das compras de materiais eventualmente necessários para as aulas, mas de onde viria o dinheiro? Dos alunos que não tem nem como pagar a passagem? Dos diretores, professores ou voluntários das escolas? Da iniciativa privada sabe-se lá de que empresas?

Podemos dizer então, que todas aquelas crianças e jovens que voltaram para suas casas no sábado de manhã estão simplesmente entregues a boa vontade das escolas e da própria comunidade. Não digo que esta boa vontade não exista, principalmente por parte da comunidade, porém, por experiência própria, posso dizer que não são todas as escolas [e nem tão pouco todos os profissionais de educação da rede pública] que estão dispostas a fazer algo além de sua obrigação semanal de forma espontânea.

Sinceramente não consigo entender a lógica desta medida! Também gostaria muito de saber para onde vai este dinheiro que deixará de ser investido. Será investido em mais empregos para os pais desses jovens conseguirem proporcionar lazer pago a seus filhos, ou na melhoria de infra-estrutura e ensino de escolas estaduais? Será investidos no incentivo à cultura, ou na construção de centros esportivos e de artes em comunidades pobres? Ah não, claro, como não havia pensado nisso antes: será sabiamente investidos na construção de uma nova e exemplar Febem.









artigos*:
“Serra reduz o Escola da Família” – O Estado de S.Paulo
“Escola da Família está sendo reduzido” – SPTV

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